O.I. é um primo do A.I., por compartilham do mesmo nível mental. O “I” é de “idiota”, como vocês podem imaginar.
O “O” é de “Otaku”.
Pra quem não sabe, o termo “Otaku” é dado para uma pessoa que é fã de alguma coisa. Uma fã de Fiuk que more no Japão é uma Otaku. Um fã do Leonardo Moura que more no Japão é um Otaku. No Japão, chamar uma pessoa de “Otaku” pode ser considerado uma ofensa, visto que por lá, a visão que se tem de um Otaku é a seguinte:
Aquela bonequinha de saia laranja é a sailor Vênus? Ou é a Júpiter? Sou daltônico.
Aqui no Brasil, o significado de Otaku se modificou. Não rotulamos uma pessoa de Otaku apenas por ela ser fã de alguma coisa... Aqui o rótulo de “Otaku” se encaixa exclusivamente a pessoa fãs de anime e mangá.
Claro, nada faz mais sentido do que pegar uma palavra de outro idioma e mudar para o que você quer.
A diferença é que lá ser fã de anime e mangá é algo natural. Animação e quadrinhos fazem parte de sua cultura. Mesmo que um navio japonês tenha aportado no nosso litoral há 100 anos, não quer dizer que a nossa cultura será igual à deles.
É aí que dá merda.
Os Otaku brasileiros são alvos de preconceito e chacota pela maioria. Até aí, nada demais. A natureza humana é rejeitar e temer aquilo que não conhece, por segurança própria. Por muito tempo o rock também sofreu esse processo, por exemplo.
O problema é que os Otaku dão motivo pra isso. E não são poucos.
Eu freqüento esse meio de anime e mangá há uns quatro anos, e vi lá de dentro o que acontecia. Via também do lado de fora, quando saía de uma convenção dessa tribo. Uma menina uma vez disse pra mim “Ah, as pessoas tem muito preconceito com a gente! Só porque eu me visto com camisas de anime e tenho o cabelo roxo, as pessoas acham que eu sou retardada!”.
E daí? O problema é que ela não reparou que as pessoas se incomodam com as atitudes dela, não com o cabelo roxo e a camisa do Full Metal Alchemist. Cabelos coloridos já “existem” na nossa cultura há algum tempo, e o preconceito contra isso já foi bastante amenizado. Camisas de anime podem ser confundidas com uma camisa qualquer.
Essa menina fazia coisas de mérito suspeito, dizendo que era parte da sua “cultura otaku”. Se ela tivesse um pouco mais de inteligência, ela podia prejudicar um pouco menos a sua tribo.
“Como assim prejudicar?” Ela, assim como muitos outros Otaku, fazem coisas que prejudicam a si mesmos. As pessoas passam a entender errado do que se trata esse “negócio de anime”.
Felizmente, nem todas as pessoas desse meio são assim. Conheci pessoas maravilhosas por lá, e fiz amigos que considero muito.
Mas... O que essas pessoas fazem de tão... “errado”? Bem...
Gírias japonesas
É aquele cara que fala um dialeto estranho: Apenas ele e mais alguns poucos entendem. Eles falam até você ficar cansado de tentar uma comunicação terráquea.
Porque prejudica: Na verdade, o problema não é a mistura, e sim o excesso. Leite com morango é bom... Coloque 70 morangos para 1 litro de leite.
Quando se mistura gírias japonesas com o português, faz com que as pessoas pensem que você é esquizofrênico, afinal parece que você “inventa” palavras do nada. Se alguém chegasse para mim e falasse “Hoje eu comi um plung... Tava muito kachang”, eu iria ficar com um pé atrás... Afinal, parece língua de maluco.
Pensem bem nisso: Não tentem forçar as pessoas a acharem isso normal! Pra você é normal, para as outras pessoas, não.
Elitismo
Quem foi o bolha que inventou a frase “Anime não é desenho”? Eu acho que foi alguém que tem vergonha em reconhecer que é fã de desenhos animados, ou então alguém que os considera infantis. Simpsons é um desenho infantil?
Peguei você. A Lisa é mais madura que eu e clicando nela você lê poesias!
...
É sério! Tem uns escritores muito bons nesse site!
...
Ok, voltando...
Porque prejudica: Sinceramente, dizer isso é dizer que você gosta de algo alienígena. Afinal, você gosta de algo feito em um estúdio de animação, por animadores, porém não é desenho animado. Então é o quê? Torta de maçã? Falar isso diminui sua própria credibilidade, e faz de você um merecedor de um dicionário.
Guerras com outros
Se uma pessoa não compartilha do gosto por seu hobby, você não deve obrigá-la a participar do mesmo.
Sempre tem um infeliz pra dizer “Mangá é melhor do que quadrinhos americanos!”.
Pra que dizer isso? Assim como dizer “Anime é melhor que futebol!”.
Pode até ser que mangá seja melhor do que algumas coisas, mas isso não faz de você uma pessoa superior. Se uma pessoa prefere jogar futebol ou ler o Batman do que ver anime, essa pessoa não é inferior a você.
Já dizia um sábio (ou um cantor de forró... não sei quem disse isso): “Não pense que são inteligentes apenas as pessoas que pensam como você.”
Eu já disse isso antes? Diabos, não lembro.
Porque prejudica: Muitas pessoas já criticam o hobby, e dessa forma, você cria mais “inimigos”. Na comunidade do Orkut da minha ex-turma, um cara disse “Eu vou pra Lapa sim, você e seus amiguinhos do anime e do RPG matam gente e ficam odiando os outros”. Imagina quantos O.I. ele já encontrou na vida...
Guerras entre si
Pessoal que gosta de Rock Japonês brigando contra pessoas que gostam apenas de anime. Pessoas que gostam de anime X brigando contra pessoas que gostam do anime Y.
Vocês não aprenderam nada com os espartanos?
União...?
Não tenho muito que comentar, é a atitude que eu tenho maior aversão. Já vi até mesmo pessoas caindo no braço só por um lugar na fila, mais de uma vez. Apenas um exemplo: dois caras, um “do anime” e outro “do j-rock”, brigaram por lugar na fila de ingressos reservados, perto de mim.
Sim... Ingressos reservados.
Sim... Reservados.
É, eu sei. É a vida.
Porque prejudica: O grupo não tem união. Para muitas pessoas de fora, é só “um monte de metaleiro que arranja confusão”, ou “adolescentes arruaceiros”. Vamos ser honestos, é assim que as pessoas vêm o público Otaku nesse país.
Eu teria mais uns dez motivos para colocar aqui, mas não quero fazer com que o clima do texto fique ainda mais pesado.
Pra fazer o clima ficar mais leve, um dos meus sorrisos preferidos de anime:
Até semana que vem!
A não ser pelo desenho da menina de cabelo roxo, nenhuma das imagens é de minha autoria.
A última imagem é do mestre Eiichiro Oda, autor do mangá mais vendido de todos os tempos.